A GUERRA GLOBO E RECORD E O CAMINHO DE JESUSEstamos vendo mais uma vez, a guerra midiática entre a Globo e a Record. De um lado a Rede Globo, criada em 1965, e que desde os anos 70 lidera a audiência televisiva no país. Eu me lembro do ano de 1989, quando passei a simpatizar com a esquerda, mais para Brizola do que para Lula. Na época, eu e meus colegas, chamava-mos os Estados Unidos de “Império” e o Brasil de “Colônia”. A Globo, a gente via como “Emissora Estatal do Governo” e a Revista Veja a gente rejeitava, preferia a Isto É, mas à esquerda. Justamente, nesse mesmo ano de 1989, quando houve o debate entre Collor e Lula, e a Globo foi acusada de favorecer o primeiro, Edir Macedo comprou a TV Record, emissora criada em 1953. Na eleição presidencial daquele ano, a IURD, e grande parte dos evangélicos, votaram em Collor, com medo de Lula implantar o sistema socialista por aqui. Do lado de Lula, estavam os chamados “cristãos progressistas”. Em 1992, Macedo foi preso por alguns dias, depois de ter enchido o Estádio do Maracanã em um evento, que ficou famoso, quando os obreiros da igreja, enchiam sacolas de dinheiro das ofertas. A acusação para a sua prisão, era charlatanismo, curandeirismo e estelionato. Macedo foi solto, Collor facilitou a passagem da Record para o nome dos representantes da IURD. Pouco depois, naquele ano Collor teve o mandato cassado, por 441 deputados, dentre eles, os deputados da Universal. Em 1995, a briga ascendeu com a Globo exibindo a Minissérie “Decadência”, onde o ator Edson Celulari, interpretava um pastor corrupto. Macedo assumiu a carapuça e partiu para o ataque através do programa “25° Hora” da Record. Porém sua emissora na época era bem menor do hoje, e a Globo reinava soberana. Para complicar mais a coisa, um bispo da Universal, Von Helder, chutou a imagem da “padroeira” do Brasil em plena televisão. Foi um Deus nos acuda. Doze anos depois em 2007, todo mundo viu em uma cerimônia suntuosa, o Bispo Macedo ser chamado de dono da Rede Record, na inauguração do canal “Record News”. Nesta cerimônia estavam presentes o Presidente Lula, e o governador de São Paulo José Serra. Hoje, Collor é senador por Alagoas, aliado de Lula e Sarney. A Tv Record é a segunda maior emissora do Brasil, tendo contratado vários ex-funcionários da Globo, como jornalistas, atores, diretores. Pergunta-se o que os evangélicos tem haver com esta briga de emissoras? Quando a gente lê os Evangelhos no Novo Testamento, vemos algumas frases de Jesus, que bem que poderia ser aplicadas neste contexto. “Deixa os mortos enterrarem seus mortos, mas tu vai e prega o Reino de Deus”; ou “O meu Reino não é deste Mundo” e ainda “O Reino de Deus não vem com visível aparência, mas está em vós”. Jesus não veio implantar nenhum “império cristão”, propostas até houve, mas ele recusou, “Tudo isso te darei (se referindo aos reinos do mundo), se prostado me adorares” – disse-lhe o tentador. Podemos considerar que a cruz de Cristo começa a ser carregada no episódio da tentação. Ali, o diabo propõe um caminho para Jesus ser o Messias. Um caminho que representou uma forma tentadora de ser o Messias. Transformar pedras em pães, saltar do alto do templo e ser amparado por anjos, e receber a autoridade política e financeira sobre os reinos e as nações. Se Jesus aceitasse a oferta do diabo, rapidamente teria uma multidão de admiradores, de gente faminta encontrando pão nas ruas e estradas, encantada com seu poder sobre os anjos e os seres celestiais e com seu governo mundial estabelecendo as novas regras políticas e econômicas. Seria o caminho mais rápido para implantar seu reino entre os homens.Porém, o caminho de Deus não era este. O reino que ele oferece precisa nascer primeiro dentro de cada um. As mudanças não acontecem de cima para baixo nem de fora para dentro. É um reino que vem como uma pequena semente e leva tempo para crescer. Não é imposto, é aceito. Não se estabelece pela força do poder, mas pelo coração e mente transformados. O rei deste reino não permanece assentado no seu trono, mas desce e se torna um servo. A cruz de Jesus não significou apenas o sofrimento final do seu ministério público. Ela representou uma escolha que o acompanhou por toda a sua vida e que culminou em seu sofrimento e morte. Quando Jesus nos chama para segui-lo, ele afirma que, se não tomarmos nossa cruz, não será possível ser seu discípulo. A razão para isto é clara. Se o caminho dele é o caminho do servo obediente, o nosso não pode ser diferente. Por isto, precisamos tomar nossa cruz, e ela deve representar também nossa escolha, que é a mesma que ele fez -- uma escolha pela renúncia e pela obediência ao Pai.O apóstolo Paulo entende o chamado de Jesus para tomar a cruz e segui-lo quando afirma: “Eu estou crucificado para o mundo e o mundo está crucificado para mim”. O caminho do mundo ensina: “Ame seus amigos e seja indiferente com os outros”. O caminho de Jesus diz: “Ame os inimigos e ore por eles”. No caminho do mundo ser o maior e o melhor é o mais importante. No caminho de Jesus o melhor é ser o menor e o servo de todos. Podemos achar que o caminho de Cristo é muito difícil, que amar os inimigos, orar pelos caluniadores, ser manso num mundo competitivo, humilde numa sociedade ambiciosa, não é só difícil -- é impossível. Concordo, por isto o chamado é para tomar a cruz. A cruz significa renúncia, sofrimento e morte.As opções estão diante de nós diariamente. Todos os dias somos levados ao monte da tentação. Todos os dias o diabo nos oferece suas ofertas e seu caminho, e Deus, pela sua palavra, nos revela seu caminho. Todos os dias temos de fazer nossas escolhas. Tomar nossa cruz é aceitar o caminho de Cristo, e neste caminho experimentamos uma espiritualidade verdadeira.